Por Vivaldo de Sousa
O anúncio de medidas econômicas exigirá do próximo governo uma aproximação com a imprensa.
A boa comunicação com o mercado financeiro foi uma das armas usadas pelo Banco Central nos últimos dois anos para conseguir reduzir a inflação e conquistar credibilidade junto aos diversos atores econômicos. Esse trabalho inclui reuniões e contatos diretos com representantes de bancos e de empresas, mas também de entrevistas e informaçõesrepassadas à imprensa, além do trabalho, hoje imprescindível da comunicação digital, direta com a sociedade.
Manter uma comunicação eficiente e eficaz, tanto do ponto de vista político quanto econômico será fundamental para o próximo governo, que assume em 1º de janeiro, em especial na área econômica. Se na campanha eleitoral e no período de transição, a comunicação virtual, por meio das redes sociais, contribuiu para a vitória de Jair Bolsonaro, a estratégia provavelmente terá de ser ampliar para a partir de janeiro, quando o próximo governo começará de fato.
Embora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, continue usando com sucesso as redes sociais para anunciar ministros e se posicionar em relação a outros temas, ainda não está claro se essa estratégia será mantida a partir de janeiro e se será seguida também por seus principais auxiliares. Sem uma política de comunicação clara, que inclua um bom relacionamento com a mídia, o próximo governo poderá criar ruídos no relacionamento com os principais agentes financeiros.
O anúncio de medidas econômicas e de propostas, por mais simples que sejam, exigirá do próximo governo uma aproximação com a imprensa e com os jornalistas. Será preciso ir além do contato direito com a sociedade. Não bastará publicar as informações nos sites oficiais e tampouco divulga-las somente pelas redes sociais. Essas propostas e medidas serão divulgadas pela imprensa (jornais, revistas, rádio, televisão e veículos digitais), independente da vontade do próximo governo.
Por mais que as redes sociais permitam um contato mais direto com os eleitores, a mídia tradicional, seja na sua versão analógica ou digital, ainda tem um papel importante na formação da opinião pública. Caberá a esses veículos de comunicação apresentarem, explicarem e, quando necessário, questionarem as medidas que vierem a ser anunciadas. Isso não significará, como já foi indicado por Bolsonaro, que o anúncio de medidas via redes sociais será abandonado.
Essa necessidade de manter uma boa comunicação com atores chaves, principalmente na área econômica, e a manutenção das redes sociais como estratégia de contato direto com os eleitores será um novo desafio, tanto para o novo governo quanto para a imprensa - acostumada nos últimos anos a ser a principal intermediária entre os governos e os brasileiros.
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