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Crescimento econômico corre risco de ficar novamente abaixo de 2%

Por Vivaldo de Sousa |


Se 2019 fechou com boas perspectivas para a recuperação da economia neste ano, os dois primeiros meses já deixaram claro que o cenário está cada vez mais complicado, tanto no contexto interno quando no internacional. Um claro sinal da piora de expectativas foi dado pelos analistas do mercado financeiro ao reduzirem a estimativa de crescimento da economia brasileira para menos de 2% em 2020. Novas revisões para baixo devem ser feitas nas próximas semanas, tanto função das incertezas no mercado externo quanto de novos atritos entre o Executivo e os demais poderes no Brasil.

Conforme a pesquisa feita semanalmente pelo Banco Central com instituições financeiras, a previsão de crescimento econômico caiu de 2,17% para 1,99% no levantamento da semana passada, antes da queda no preço do petróleo no mercado internacional, que terá impacto no mercado brasileiro, e da convocação feita no final de semana pelo presidente Jair Bolsonaro para que seis apoiadores participem de manifestação marcada par 15 de março para pressionar Legislativo e Judiciário. Foi a quarta queda consecutiva na estimativa de crescimento.

A redução ocorreu após a divulgação do resultado do PIB do ano passado, que cresceu apenas 1,1% _índice abaixo do esperado pelo governo pelo mercado financeiro. Além dos efeitos do surto do novo coronavírus na economia mundial, o quadro internacional ficou ainda mais instável diante da disputa entre e a Rússia e a Arábia Saudita, que derrubou o preço do petróleo no mercado internacional. A queda é vista como uma consequência da decisão da Arábia Saudita de elevar sua produção e oferecer descontos de até 20% sobre o preço do petróleo bruto em alguns mercados.

Antes desse problema, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) havia estimado que a epidemia do novo coronavírus provocará uma desaceleração significativa da economia mundial em 2020. A OCDE , indicou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento reduziu sua previsão de crescimento no mundo de 2,9% a 2,4%.

A China, locomotiva do crescimento mundial há três décadas, deve crescer 4,9% em 2020, 0,8 ponto a menos que na previsão anterior. Depois de registrar recessão em 2016 e 2016, o PIB brasileiro cresceu 1,3% em 2017 e 2018. E há possibilidade de ficar abaixo de 2% neste ano.

Além dos problemas externos, sobre os quais o Brasil não tem muito controle, há ainda os obstáculos internos para consolidar um crescimento mais robusto da economia. Depois de conseguir a aprovação da reforma da Previdência Social em 2019, o governo terá mais dificuldades do que o previsto inicialmente para avançar em duas reformas consideradas importantes, a tributária e a administrativa. Se não bastassem as divergências internas, há ainda as resistências no Congresso Nacional em relação aos dois temas _apesar da “boa vontade” de deputados e senadores. O confronto estimulado por Bolsonaro em nada ajuda na articulação política.


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