Por Vivaldo de Sousa |
É preciso acompanhar com atenção e preocupação o impacto nos negócios da atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. Essa percepção negativa tem um enorme potencial de prejuízo para o país, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país.
O trecho acima, reproduzido de maneira quase literal a partir de reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Valor Econômico, consta de uma carta-manifesto enviada ao presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão. A carta deverá ser entregue também aos presidentes do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, da Câmara, Rodrigo Maia. (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras.
A carta não é assinada por políticos de oposição nem por integrantes de organizações da sociedade civil que atuam em defesa do meio ambiente, mas por líderes de 38 grandes empresas brasileiras e estrangeiras e de quatro entidades setoriais do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria. Segundo o jornal, no documento, as lideranças manifestam preocupação com o desmatamento, pedem providências e recomendam que a retomada da economia siga o rumo do baixo carbono.
Embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) não pareçam estar preocupados com as críticas internacionais em relação aumento do desmatamento, vem crescendo no exterior a defesa de iniciativas práticas pressionar o Brasil a adotar medidas efetivas para preservar o meio ambiente. Se levadas adiante, esse eventual boicote a produtos made in Brasil poderá dificultar ainda mais a retomada da recuperação econômica pós-pandemia.
Em junho, documento divulgado conjuntamente por 29 instituições financeiras que gerenciam US$ 3,7 trilhões em ativos, alertou o governo brasileiro que é necessário conter o desmatamento sob risco de aumentar a dúvida de investidores em aplicar recursos no Brasil. O risco de perda de investimentos, aliado à possibilidade de boicote a produtos brasileiros e de o acordo Mercosul-União Europeia não sair do papel, aumentou a preocupação do empresariado brasileiro.
Outro tema que vem sendo acompanhado com atenção é a possibilidade de Donald Trump, principal e quase o único aliado do governo Bolsonaro no cenário internacional, ser derrotado nas eleições previstas para novembro, quando tentará a reeleição. Ao ancorar sua política externa num alinhamento automático com os Estados Unidos, Bolsonaro poderá isolar ainda mais o Brasil no cenário internacional. E empresários estão cada vez mais preocupados com os efeitos desse isolamento, que poderá representar, em termos práticos, perda de investidores e de negócios.
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