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Precisamos avançar na igualdade de gêneros


Por Vivaldo de Sousa |


Em palestra nesta semana, durante o Congresso Brasileiro de Inovação, realizado em São Paulo, Heloísa Menezes, ex-diretora do Sebrae e atualmente pesquisadora visitante da Universidade de Cornell (EUA), destacou que as mulheres empreendedoras são 16% mais escolarizadas que os homens no Brasil e são responsáveis por 50% dos negócios abertos no país. No entanto, segundo ela, as empresas dirigidas por mulheres faturam em geral menos que as comandadas por homens.

Sua afirmação foi feita durante o painel “Mulheres inovadoras: números, fatos e impactos no Brasil e no mundo”, composto exclusivamente por mulheres executivas para tratar da importância feminina na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). As seis palestrantes, todas conhecidas pela atuação nos respectivos setores e por promoverem políticas de igualdade de gênero, ressaltaram a importância da mulher para o avanço da indústria na área de inovação. 

Num momento em que a inovação é reconhecidamente um dos motores de nova economia, como mostram os diversos exemplos de empresas brasileiras e estrangeiras, temos uma oportunidade de aproveitar as mudanças em curso no mercado do trabalho para adotar ações mais afirmativas para reduzir desigualdades que prejudicam as mulheres. Entre 2014 e 2017, o Brasil publicou cerca de 53,3 mil artigos científicos, dos quais 72% foram assinados por mulheres, maioria no ensino superior. 

Elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), o estudo considerou o conteúdo disponível na Web of Science, um banco de dados que reúne mais de 20 mil periódicos internacionais. Embora tenham uma produção maior que os homens, as mulheres, mesmo quando tem um maior nível de educação (mestrado e doutorado, por exemplo), têm índices menores de empregabilidade e recebem salários menores. Embora não seja exclusiva do Brasil, essa é uma realidade que precisa mudar. 

Moderadora do painel citado antes, a presidente do Conselho de Competitividade dos Estados Unidos, Deborah Wince-Smith, destacou que as mulheres são maioria nos títulos de universidades norte-americanas, mas quando o assunto são as matérias de ciência, tecnologia, engenharias e matemática elas ficam atrás. Nos EUA, segundo ela, as mulheres representam 67% de todos os títulos da universidade, mas são só 19% nas áreas de tecnologia. No mercado de TI, as mulheres ocupam 25% das vagas.

No Brasil, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, só 20% dos profissionais que atuavam no mercado de TI em 2018 eram mulheres. Ainda segundo esses dados, as profissionais de TI do sexo feminino têm grau de instrução mais elevado do que os homens do setor no Brasil, mas, mesmo assim, ganham 34% menos do que eles. Mudar esse cenário exige uma trabalho conjunto entre empresas, governo, universidades, lideranças políticas e a sociedade em geral.


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