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Recuperação econômica pós-pandemia ainda é uma incógnita

Por Vivaldo de Sousa |


Com a política liberal defendida por Paulo Guedes temporariamente suspensa, na melhor da hipótese, o Ministério da Economia vem estudando alternativas para a recuperação da atividade econômica pós pandemia do novo coronavírus. Mas ainda não tem respostas precisas para alguns pontos importantes: de quanto será a queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, quanto o desemprego vai crescer e como ficarão as reformas que estavam em discussão no Congresso Nacional.

Em relação ao desempenho do PIB, os cenários mais otimistas trabalham com uma queda de pelo menos 3,5% em 2020, com recuperação a partir do final do primeiro trimestre de 2021. As previsões mais pessimistas consideram que a retração na atividade econômica poderá ficar entre 5% e 6%, com recuperação lenta no começo do segundo trimestre de 2021. No entanto, os dois cenários consideram que o isolamento social mais forte terminaria em maio ou meados de junho.

As próximas cinco semanas serão fundamentais para que possamos ter uma previsão mais clara sobre o avanço da Covid-19 no Brasil, tanto no número de pessoas infectadas quanto no número de mortes. A ampliação dos testes, iniciada pelo Distrito Federal e por outras unidades da federação, permitirão aos profissionais da área de saúde, vem como os governadores e prefeitos, terem um avaliação mias precisa da realidade. Há quase um consenso de que atualmente há uma subnotificação.

Já em relação ao desemprego, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV)) divulgou no começo de abril que a taxa de desemprego do Brasil pode passar dos atuais 11,6% para 16,1% já neste trimestre. Em números, isso significa que 5 milhões de pessoas podem entrar na fila do desemprego em apenas três meses, elevando de 12,3 milhões para 17 milhões o número de pessoas sem trabalho no Brasil. Com maior tempo de isolamento, esse número tende a ser maior.

Economia em retração e desemprego em alta são dois fatores que devem influenciar nas eleições municipais _previstas para outubro, mas que podem ser adiadas para novembro ou dezembro. No atual cenário de polarização política, a escolha dos prefeitos no segundo semestre poderá funcionar como um plebiscito da administração Jair Bolsonaro, ainda que ele esteja sem partido ou não venha a participar diretamente da campanha de aliados. E a eleição municipal pode ser um prenúncio de 2022.

Se na economia a situação está cada dia mais complicado, com o ministro Paulo Guedes tendo que disputar espaço na Esplanada dos Ministérios com a ala militar, o cenário na área política, que já era ruim, ficou pior após a demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Diante de um Bolsonaro que decidiu atuar para eleger um aliado para a presidência da Câmara dos Deputados em 2021, quando termina o mandato de Rodrigo Maia (DEM-RJ),  devem aumentar as pressões da oposição e de ex-aliados do Bolsonaro para abertura de um processo de impeachment.

Nesse contexto, mesmo que o isolamento social provocado pela pandemia seja amenizado em maio ou junho, e Guedes, caso permaneça no governo, tenha condições de retomar a agenda liberal temporariamente suspensa, as dificuldades para votar as propostas serão ainda maiores.

Mas esse cenário pode ainda ser pior, caso Bolsonaro aumente as críticas ao Legislativo ou caso as investigações em andamento, no Senado e no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre fake news e manifestações que pediram o fechamento do Congresso Nacional, cheguem aos respectivos responsáveis.


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