Vivaldo de Sousa |
“Fase do ciclo econômico em que a produção entra em declínio acentuado, gerando queda nos lucros, perda do poder aquisitivo da população e desemprego”. Essa afirmação, que poderia ser usada para falar da atual situação da economia brasileira, é a definição para depressão no “Dicionário de Economia do Século 21”, do economista Paulo Sandroni. Mas será que a economia brasileira está em depressão? Essa pergunta não tem uma resposta única e fácil, mas a discussão é importante.
De acordo com a consultoria AC Pastore, do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, o Brasil não apenas está vivendo a mais lenta retomada econômica da história como caminha para a depressão, segundo reportagem publicada no domingo (19/05) no jornal Folha de São Paulo. A equipe da AC Pastore considera como principal critério para caracterizar o estado depressivo da economia a estagnação da renda per capita _valor que é obtido pela divisão do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O relatório destaca, segundo a reportagem, que, nos casos de crises econômicas, é importante acompanhar não apenas a profundidade da recessão e a força de uma retomada, mas também “saber quanto cada um dos cidadãos que habitam o país perdeu de renda per capita a partir do início da recessão, e nesse campo estamos vivendo um ciclo sem precedentes”, diz o texto. Talvez seja cedo para termos essa certeza, mas as estimativas para o crescimento econômico este ano vêm caindo semana após semana.
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira (20/5) mostra que a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 segundo instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) diminuiu pela 12ª semana consecutiva, agora para 1,24%. Há quatro semanas, o aumento estimado para as atividades econômicas do país neste ano era de 1,71%. Na última semana, estava em 1,45%. Para 2020, a expectativa se mantém a mesma das 4 últimas semanas, de 2,5%, segundo a pesquisa do BC.
Embora tenha revisto na semana passada a estimativa de crescimento do PIB para 2019, o Ministério da Economia ainda trabalha com uma projeção mais otimista: alta de 1,5%, segundo informações do ministro Paulo Guedes. A estimativa anterior era de 2%. Essa previsão fará o governo rever os gastos planejados para este ano, com um possível novo contingenciamento (bloqueio) de recursos. Com menor crescimento da economia, a arrecadação de tributos ficará abaixo do estimado.
Nesse cenário, com as empresas segurando os investimentos, o desemprego, que hoje afeta cerca de 13 milhões de pessoas, deve permanecer elevado no primeiro semestre de 2019. Nem mesmo as medidas já anunciadas pelo governo de Jair Bolsonaro, como a redução de burocracia e ampliação das concessões, devem surtir efeitos positivos neste ano. Do ponto de vista econômico, está se consolidando entre os agentes econômicos, e em parte do mundo político, que 2019 será um ano perdido.
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